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ENTREVISTA | Os desafios da educação diante das cobranças pelo aumento da produtividade

ENTREVISTA | Os desafios da educação diante das cobranças pelo aumento da produtividade

A falta de investimento em políticas públicas de educação, a precarização do trabalho, a desvalorização salarial, a falta de autonomia e as crescentes demandas pedagógicas são alguns dos fatores que têm contribuído para o adoecimento das/os trabalhadoras/es da educação, principalmente das/os docentes. Independentemente do nível de ensino ou instituição em que atue – pública ou privada – ensinar se tornou uma atividade desgastante, com repercussões na saúde física e mental e no desempenho profissional da categoria.

Por sua importância e relevância, o tema vem sendo cada vez mais discutido em encontros, seminários, conferências e rodas de conversa. Em agosto, por exemplo, o Comitê de Saúde da ADUFSCar participou de um evento promovido pela Coordenadoria de Articulação em Saúde Mental (CASM) para debater a saúde de trabalhadoras e trabalhadores na UFSCar. A Roda de Conversa ocorreu no campus São Carlos, e contou com a participação do médico Pedro Tourinho, presidente da FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho).

Durante a conversa, os participantes falaram dos desafios que os trabalhadores da educação, em especial docentes e técnicos administrativos, enfrentam para se manter sãos diante das cobranças pelo aumento da produtividade científica e acadêmica. Foram apresentadas algumas propostas como por exemplo, a de se fazer uma Conferência Nacional de Saúde Mental para que se possa entender os causadores desse adoecimento psíquico relacionado ao trabalho.

Em sua fala, Pedro Tourinho destacou que a saúde do trabalhador é um direito fundamental e não se constrói políticas públicas sozinho. Para ele, as instituições públicas e privadas têm que atuar em conjunto para enfrentar esse cenário de adoecimentos e mortes, criar Frentes Parlamentares em defesa dos trabalhadores e realizar audiências públicas no Congresso Nacional sobre questões da área. “É preciso construir uma Política Nacional Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, com a participação do governo, como a Casa Civil; de pastas que definem o modelo econômico do país e daquelas que visam a proteção social, como a Saúde, o Trabalho, a Previdência e Assistência Social. Já temos parcerias com diversas universidades federais em que teremos núcleos que vão buscar identificar situações de adoecimento e acidentes relacionados ao trabalho, trazendo luz a uma situação que fica sempre ocultada”, afirmou o presidente da FUNDACENTRO.

De acordo com Pedro Tourinho, historicamente sempre foi mais fácil identificar acidentes e processos com uma causa única, provocados exclusivamente por certas atividades profissionais. Já o adoecimento psíquico é atravessado por uma série de contextos sociais amplos. “É inegável que existem categorias com uma prevalência desproporcional de adoecimento psíquico. No caso da educação, isso está cada vez mais consolidado e a FUNDACENTRO tem buscado fortalecer pesquisas nessa área. Tenho certeza que a parceria com a UFSCar será extremamente importante para esse processo todo”, finalizou.

Integrante do Comitê de Saúde da ADUFSCar, a professora Sabrina Ferigatto, do Dpto. de Terapia Ocupacional da UFSCar, explicou que é urgente trazer para a cena a pauta da saúde do trabalhador, seja ele docente ou técnico-administrativo, para poder articular pesquisadores, profissionais da saúde, da ProGpe e das unidades de saúde em torno desse tema. Segundo ela, fazer um primeiro movimento de parceria do Sindicato com a Coordenadoria de Articulação e Saúde Mental, e promover o encontro de pautas entre essas pessoas e o Ministério do Trabalho, por meio da FUNDACENTRO, é um grande avanço, já que a fundação tem essa função de produção de pesquisa e extensão, que permite a Universidade se articular de forma mais direta na relação da qualificação do processo de trabalho na parceria com os sindicatos.

“Historicamente a pauta da saúde sempre foi tratada na ADUFSCar a partir da relação com a UNIMED. No entanto, a gestão atual tem pensado o tema de forma mais ampla, e com a criação, em 2021, do Comitê de Saúde, pôde se articular em torno da pauta, promovendo debates, apresentando propostas, rodas de conversas com mulheres e o programa Saúde e Trabalho, veiculado na Rádio UFSCar. Está comprovado que do ponto de vista de gênero, as mulheres são mais afetadas psiquicamente, não só pelo trabalho em si, mas também pela sobrecarga da jornada de trabalho. Temos então, um conjunto de frentes em que o Sindicato tem atuado e que agora, com essa parceria com a FUNDACENTRO poderá ampliar”, afirmou.

 

Matéria publicada no Jornal ADUFSCar – Outubro de 2023

 

 

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