CONFIRA | 12° edição do jornal ADUFSCar traz matéria especial sobre Inteligência Artificial

CONFIRA | 12° edição do jornal ADUFSCar traz matéria especial sobre Inteligência Artificial

O que parecia muito longínquo da vivência cotidiana tornou-se agora o habitual. O uso da Inteligência Artificial (I.A) é inegável e vasto apresentando-se desde a recomendação de conteúdos e publicidades nas redes sociais por meio de algoritmos, nos assistentes bancários e de vozes, na utilização de reconhecimento facial em aplicativos para promover maior segurança, na automação de processos repetitivos dentro de empresas, e até no âmbito acadêmico/dos estudos.
De forma superficial, a Inteligência Artificial é um campo da ciência da computação que se dedica ao estudo de máquinas e programas computacionais capazes de reproduzir comportamentos humanos como tomada de decisões e realizações de tarefas. A funcionalidade se dá a partir da análise de um grande volume de dados e da identificação de padrões, sendo essa também a forma de a classificar.
A partir desse panorama, a docente Viviane Cristina Garcia De Stefanini, do Instituto Federal De Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – campus São Carlos, considera que uso da IA no ambiente acadêmico e escolar, está ganhando cada vez mais espaço, e como professores, é preciso lidar com esse cenário com muita cautela. “A IA é, sem dúvida, uma grande
ferramenta de apoio ao docente, podendo ser utilizada como auxílio na preparação de aulas, no desenvolvimento de diagnóstico de aprendizagem, e até como ferramenta de inclusão (leitor de tela, tradutor automático, adaptação de atividades para turmas heterogêneas etc.). No entanto, há desafios que precisam ser superados, principalmente para docentes de escola pública: muitos alunos (e até escolas) não têm acesso à internet ou a dispositivos; muitos alunos usam a IA para responder tarefas, sem assimilar adequadamente o conteúdo; falta formação docente para o uso da IA de forma crítica, ética e pedagógica. A IA é uma grande aliada do professor, mas só tem sentido se estiver a serviço de uma educação humana, inclusiva e transformadora”, avalia a
professora do IFSP.
Em entrevista ao Jornal ADUFSCar, o prof. Armando Ítalo Sette Antonialli, Pró-Reitor Adjunto de Graduação (ProGrad), comenta qual a compreensão e iniciativas por parte da Universidade
com relação à utilização da I.A.

J.A: Mesmo sendo um advento recente, a ampla utilização da Inteligência Artificial já é uma realidade inegável. A partir dessa premissa, como a Universidade acredita que os docentes possam lidar com essa questão no meio acadêmico, inclusive dentro da sala de aula? Quais técnicas podem ser aplicadas visando medidas de cautela para a melhor utilização dessa ferramenta?
Prof. Armando: Em novembro passado, no âmbito do Programa Ação Docente, a nossa Divisão de Desenvolvimento Pedagógico (DiDPed), com seu XIV Seminário de Ensino de Graduação (SEGrad), promoveu uma mesa redonda justamente sobre o tema “Inteligência Artificial no Ensino de Graduação”. Os palestrantes convidados foram o professor Fernando Osório, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), e a professora Helena Caseli, do Departamento de Computação (DC/UFSCar), contando com a mediação da pedagoga Beatriz Costa, da DiDPed/ProGrad. A atividade foi transmitida ao vivo e o registro pode ser conferido no canal da @UFSCarOficial no YouTube. Emprestando muito do que foi apresentado e discutido nesse evento, eu diria que nós docentes devemos nos apropriar de recursos de IA generativa em razão do seu potencial enquanto aliados para a promoção de aprendizagem significativa dentro e fora da sala de aula. Não se trata da utilização dessas tecnologias por tendência, mas de uma tomada de
decisão para que nós, autores de fato na construção de conhecimento, possamos fazer uso adequado de um instrumento auxiliar a mais nesse processo. Em alguns casos, eventuais atalhos propiciados pela inteligência artificial, a exemplo de outras ferramentas, podem jogar contra o processo de aprendizagem: uma calculadora ou um software de desenho podem atrapalhar (ou ajudar) dependendo dos objetivos de aprendizagem. É fundamental que professores dialoguem com os alunos para que permaneçam alinhados quanto à utilização ou não de IA e os motivos que justifiquem essa escolha.

J.A.: Do ponto de vista institucional, como a UFSCar entende a utilização do recurso da I.A nos estudos?
Prof. Armando: Muitos dos nossos estudantes já vêm utilizando IA generativa há dois anos, mas ainda é cedo para afirmar se as vantagens superam as desvantagens (ou o contrário) sem imprimir uma dose de paixão. Não por acaso, a CAPES lançou recentemente o edital InovaEDUCAÇÃO, com o objetivo de fomentar inovações pedagógicas envolvendo inteligência artificial e, portanto, avançar na compreensão dessa pauta. Essa iniciativa demonstra aderência, por óbvio, com a Política Brasileira de IA e o Programa Nova Indústria Brasil. E a UFSCar não está de fora dessa discussão, uma vez que temos três novas propostas de cursos de graduação, identificados com a temática, que a gestão vem acompanhando de perto. São nossos colegas docentes assumindo protagonismo em tópicos estratégicos uma vez mais. Penso que teremos condições de compartilhar esse entendimento com bastante assertividade em breve.

J.A.: Vivemos um momento em que a tecnologia é introduzida naturalmente desde a tenra infância. Considerando os atuais e os futuros estudantes que já nascem inseridos nesse contexto tecnológico, qual a visão da Universidade com relação aos pontos positivos e negativos da utilização da I.A?
Prof. Armando: O conceito de “nativos digitais” tem sido rebatido por gente que estuda desenvolvimento infantil pelo fato de que a juventude se acostumou à utilização de smartphones de forma predominantemente passiva através das redes sociais. Claro que robótica nas escolas e espaços makers, por exemplo, oferecem um importante contraponto a essa tendência, mas são escalas bastante distintas (por simples analogia, atacado e varejo). Ademais, entendo que o modelo de relações de ensino-aprendizagem precede, em importância, a questão da adoção ou não de IA ou qualquer recurso tecnológico no ambiente universitário. Estudante na condição de mero beneficiário de um (parafraseando Paulo Freire) conhecimento bancário “gerado” por IA é o problema. Na medida que avançamos com os projetos pedagógicos dos nossos cursos de graduação no sentido de uma matriz crítico-reflexiva, que privilegie a formação por competências
(pautada não só por conhecimentos, mas também habilidades e atitudes), oportunizamos o desenvolvimento de um profissional conforme pensado no nosso Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Pessoas imbuídas de ética e respeito que serão capazes de analisar de forma apropriada e fazer uso racional de qualquer informação que chegue até elas.

 

 

Matéria publicada na edição de abril/2025 Jornal ADUFSCar

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